domingo, 15 de junho de 2008

Grávidos e pirados

Engravidei novamente apenas em Novembro, foi muito emocionante ver o resultado do exame...como já contei na primeira postagem.... mas descobri que estava grávida quando estava com 5 semanas, como era época de final de ano foi difícil encontrar um médico com vaga na agenda...iniciei meu pré natal em janeiro e em todo esse tempo eu estava tomando o ácido fólico.

Nossa primeira consulta foi tranquila, o médico solicitou os exames de rotina - sangue, urina - e claro, eu solicitei um ultrassom, falei que queria saber se o coração estava batendo, ali o médico percebeu o quão aflitos estávamos.

Marcamos o ultrassom e nos restava apenas esperar, a ansiedade aumentava...eu não aguentei...um dia antes do exame fui a emergência do hospital verificar uma tosse ridícula que me incomodava, estava tudo bem comigo, mas...pedi ao médico um ultrassom e ele fez!

Ali estava meu pequeno bebê, seu coraçãozinho batia forte, 181 batidas por minuto, acho que estava tão ansioso quanto eu!! A médica que realizou o exame disse: "Tudo indica que esta gestação tem tudo pra dar certo. O bebê está bem formado. Não se preocupe."

No dia seguinte fui ver novamente o meu bebê, agora o coraçãozinho batia 170 vezes por minuto. Que delícia ouvir toda aquela força de vida!

Ultrassom é uma delícia, pena que os médicos não solicitam muitos e os planos de saúdes também não liberam. Mas acredito que toda grávida adoraria ter um trambolho daquele em casa e ficar observando o bebezinho todo o tempo. Meu marido desejou inclusive um sonar - aquele aparelhinho que o médico usa no consultório pra ouvir o coração do bebê.

Torcíamos pra que tudo desse certo e nisso ficamos bem pirados! Passei a entrar no trabalho após o almoço; meu marido ficava louco da vida se soubesse que eu havia dirigido o carro, saído pra bater perna, feito algum tipo de esforço desnecessário.

Não víamos a hora do primeiro trimestre passar e o risco maior terminar. Devíamos apenas esperar, controlar nossas emoções e seguir em nossa expectativa.

Permissão pra engravidar

Em janeiro de 2007 fui ao médico ginecologista - outro, claro! - pra fazer exames de rotina. Toda mulher deve fazer o exame papanicolau anualmente, é um exame preventivo importantíssimo, nele pode-se detectar a presença do HPV - o papiloma vírus - e a possibilidade de câncer de colo de útero.

Estava tudo muito bem com minha saúde física, o médico foi muito atencioso e me disse: "Se você quiser já pode engravidar novamente, já faz seis meses que você passou por uma curetagem, seu útero está ok...". Ele me receitou ácido fólico e me deu muitas amostras...dava pra cerca de dois meses...que incentivo!!

Sai da consulta com um frio na barriga, sabia que meu marido iria me perguntar sobre gravidez. Ele queria tentar novamente. Eu também queria, mas só em pensar na possibilidade de não dar certo novamente...

Decidimos que eu tomaria o ácido fólico por um tempo e pararia de tomar o anticoncepcional. O ácido fólico é muito importante no primeiro trimestre de gestação, ele auxilia na formação do sistema nervoso central do bebê, e como, no geral, a alimentação do brasileiro é pobre em nutrientes, é melhor tomar este complemento. Ele é baratinho, mas também é distribuído gratuitamente na rede pública.

Confesso que várias vezes eu torcia pra não engravidar...ficava receosa, mas ao mesmo tempo me empolgava com a possibilidade de dar certo, era uma ambivalência. Lidar com o medo pode ser muito complicado. Ele tem o poder de nos paralizar e exige de nós uma força interna para reagir.

Finalmente eu concluí: "Se ficar com medo que aconteça de novo e por isso não tentar mais, nunca viverei a possibilidade de dar certo, preciso reagir a isso...!" Lembro que logo após os abortos eu me sentia bem; descobri algo sobre mim: tenho reações tardias, minha ficha demora a cair e quando cai....explode!

Outra lição: quando alguém vive um trauma e reage bem, dê um tempo àquela pessoa, pode ser de uma semana, 15 dias ou até meses, mas volte a perguntar como ela se sente com relação ao fato, é possivel que ela esteja bem, mas o contrário também é... sempre ofereça ajuda, que pode ser apenas um abraço, um ouvido atento, uma oração.